Ewa

Yewa é a divindade do rio Yewa. Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Yewa , quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Osun ou Oya. O desconhecimento começa com as coisas mais simples como a roupa que veste, as armas e insígnias que segura e os cânticos e danças, isso quando não diz que Yewa é a mesma coisa que Osun, Oya e Yemoja. Yewa usa ofa que utiliza na guerra ou na caça. No seu ritual é imprescindível, dentre outras coisas, o iko (palha da costa), existe mesmo um ese Ifa do odu Otuamosun, que fala de Yewa saindo de uma floresta de iko. O seu grande ewo (coisa proibida) é a galinha.

Na África, o rio Yewá é a morada dessa deusa, mas sua orígem gera polêmicas. A quem diga que, a exemplo de Oxumaré, Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada inicialmente entre os Mahi e foi assimilada pelos Iorubás e inserida em seu panteão. Havia um Orixá feminino oriundo das correntes do Daomé chamado Dan. A força desse Orixá estava concentrada em uma cobra que engolia a própria cauda, o que denota um sentido de perpétua continuidade da vida, pois o círculo nunca termina. Ewá seria a ressignificação de Dan ou uma de suas metades –A outra seria Oxumaré. Existem, porém, os que defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô, sendo originária na cidde de Abeokutá. Estes, certamente, por desconhecer o panteão Jeje –No qual o Vodun Eowa, da família Danbirá, seria o correspondente da Ewá dos Nagô, –Confundem Ewá com uma qualidade de Yemonjá. Erram porque Ewá é um Orixá independente, mas sua origem não se esclarece sequer entre os Jeje, pois em respeitados templos de Voduns afirma-se que Eowa é Nagô.

Ewa é simbolizada pelos raios brancos do sol, da neve, o sumo branco das folhas, o branco do arco-íris, os espermatozoides, a saliva e, ainda, o rio Yewa e a lagoa do mesmo nome. Orixá dos astros, guerreira valente, é também a Orixá das florestas. É uma Santa muito difícil de aparecer no Brasil, ela requer muita consciência. Não roda na cabeça de homem.

Ewá é uma bela virgem que entregou seu corpo jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a proteção de Oxossi, e tornou-se guerreira valente e caçadora habilidosa.

Conseguiu frustrar a vingança de Oyá, afastou de si a morte certa.

As virgens contam com a proteção de Ewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a sua proteção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. A própria Ewá acreditam alguns, só rodaria na cabeça de mulheres virgens (o que não se pode comprovar), pois ela mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem dos lábios de mel.

Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá lhe concedeu.

Ewá foi uma cobra muito má e por isso foi mandada embora. Acabou encontrando abrigo entre os Iorubás, que a transformaram em uma cobra boa e bela, –A metade feminina de Oxumaré. Por esse motivo, Oxumaré e Ewá, em qualquer ocasião, dançam juntos.

 Filha de Oxalá e Iemanjá, é uma deusa casta, que tem o poder de se tornar invisível e de penetrar nos mistérios de Ifá (o deus da adivinhação). Seus domínios são as ilhas e penínsulas, o céu estrelado, a chuva e a faixa branca do arco-íris. No sincretismo religioso, está associada a Nossa Senhora das Neves. É a cobra fêmea do candomblé, que não dorme, sendo portanto, a senhora das vistas. Preside sobre a prisão. No caso do assentamento, se difere das Yabgàs somente porque seu igbà é uma cobra de metal amarelo, enroscada, que fica sobre o Otà. Suas cores são o amarelo e o vermelho, em algumas casas a fusão destas duas cores, o laranja. Sua saudação Yewà Y rò.